Em toda Análise Ergonômica do Trabalho (AET) encontramos riscos ergonômicos e o plano de ação é a primeira coisa que deve ser feita, após a realização da AET, para reduzir ou eliminar os riscos encontrados. Basicamente, ele é um planejamento com o cronograma da implementação das ações que serão executadas, com as etapas, status, quanto irá custar, como será implementado, o nome das pessoas envolvidas e o que cada uma irá executar, visando implementar as soluções ergonômicas propostas pelo profissional de ergonomia.
É necessário que o ergonomista sempre mostre a importância da execução das sugestões de melhorias para o cliente, já que legalmente, ele não é obrigado a adotar todas as recomendações e também não existe um prazo obrigatório para executá-las – exceto em situações específicas como auditorias e fiscalizações, por exemplo.
O mais recomendado é que o plano de ação seja montado em conjunto com a empresa, para entendermos todos os prazos, disponibilidades e orçamentos. Para uma empresa que fabrica brinquedos, por exemplo, novembro é uma data crítica, devido a alta produção para o Natal, então o ergonomista deverá pensar em outra data para implementar suas ações ou fazer grandes mudanças neste cliente. Por mais que, durante a AET, o ergonomista trabalhe sozinho, no momento do plano de ação é preciso que seja criada uma equipe multidisciplinar. Muitas vezes nesses momentos é que são criados os Comitês de Ergonomia (COERGO).
De modo geral, pode ser satisfatório trabalhar com um cronograma de 18 meses, dando prioridade para as situações de alto risco, seguindo uma hierarquia decrescente. Mas isso não é uma regra. Para empresas de grande porte, por exemplo, ou uma empresa que conte com muitos riscos para serem solucionados, 18 meses pode ser pouco tempo para adotar todas as soluções de melhoria. Por isso, o cronograma deve ser ajustado sempre de acordo com a realidade de cada empresa. Lembre-se que a ergonomia acontece a longo prazo.
Em caso de dúvida, uma boa referência para adotar pode ser a sugerida pelo Couto: ele sugere para uma grande empresa, a redução/eliminação dos riscos ergonômicos, em cinco anos, 20% ao ano. Assim, ao final de cinco anos, o cliente zera os riscos ergonômicos encontrados.
TIPOS DE SOLUÇÕES ERGONÔMICAS NO PLANO DE AÇÃO
O plano de ação só deve ser elaborado após elencar todas as soluções ergonômicas que serão implementadas na empresa. Elas podem ser:
– Soluções ergonômicas de baixo investimento
São soluções de baixo custo e que podem durar por anos e anos, como a adoção de um protetor de quina viva ou apoios de punho, por exemplo.
– Soluções Ergonômicas Conhecidas
Quando falamos de manuseio de cargas, as empresas adotam a paletização, que começa no nível do chão e vai aumentando a altura conforme recebe novas cargas. Para melhorar essa situação, existe a opção de utilizar uma paleteira pantográfica, que ajuda a regular a altura da melhor forma, sempre a 75 cm, ideal para pegar materiais pesados. Ela é uma solução conhecida, mas não é de baixo investimento, por isso ganha essa classificação.
– Soluções Ergonômicas Complexas
Quando sabemos qual é o risco ergonômico, mas ainda não sabemos o que fazer para a eliminação ou redução desse risco, temos uma solução complexa, onde precisamos de uma equipe multidisciplinar para encontrar as respostas, seja com engenheiros, arquitetos ou a especialidade que mais se adequar.
Uma situação onde existe uma postura forçada de manutenção de uma máquina, por exemplo. É possível identificar que existe o risco ergonômico, mas pela natureza da tarefa, não é tão simples pensar numa solução, já que quando falamos em manutenção, é muito difícil automatizar alguma coisa. Existe alguma ferramenta que possa auxiliar? Existe alguma outra solução? A equipe da área poderá ajudar.
– Soluções Ergonômicas Nível Organizacional e de Gestão
Essa é uma solução estrutural, que não envolve nenhum investimento, um novo maquinário ou equipamento, por exemplo.
Vamos pensar em trabalhadores expostos a altas temperaturas. Nesse caso, é possível avaliar a escala de trabalho para sugerir que eles comecem a trabalhar mais cedo, aproveitando as horas mais frescas e organizando o dia ao longo dos momentos mais quentes. É algo que envolve gestão – pausas, horários de trabalho, tempo de trabalho, questões hierárquicas.
– Soluções ergonômicas sem engenharia
Essa solução se dá quando existe um risco ergonômico, mas nenhuma solução que envolva engenharia para eliminar. Assim, é preciso implementar medidas de controle. O trabalho em frigorífico é um exemplo. Ele obrigatoriamente precisa ser feito em ambiente frio, portanto, a única coisa que pode ser feita são medidas de controle, como pausas e rodízios de tarefas.
O mesmo acontece em uma linha de alta repetitividade e não há como automatizar o trabalho. Neste caso, o profissional de ergonomia adota medidas de controle. Elas não eliminam o risco, mas podem reduzi-lo.
Quer aprender mais sobre como sugerir soluções ergonômicas assertivas? Confira esse artigo em nosso blog!
COMO ESTRUTURAR UM PLANO DE AÇÃO
Para estruturar o plano de ação, é preciso já ter todas as recomendações para cada risco elencadas.
Essa etapa deve ser realizada com a empresa, seja com o RH, com membros da CIPA ou do Coergo. A melhor metodologia para estruturar um plano de ação é o método 5W2H: WHAT (o quê) / WHY (Por que) / WHERE (onde) / WHEN (quando) / WHO (quem) / COMO (how) / HOW MUCH (quanto). Lembre-se de, ao final, incluir o status, que é em que momento da ação você se encontra.
COMO ESTRUTURAR UM PLANO DE AÇÃO
Para estruturar o plano de ação, é preciso já ter todas as recomendações para cada risco elencadas.
Essa etapa deve ser realizada com a empresa, seja com o RH, com membros da CIPA ou do Coergo. A melhor metodologia para estruturar um plano de ação é o método 5W2H: WHAT (o quê) / WHY (Por que) / WHERE (onde) / WHEN (quando) / WHO (quem) / COMO (how) / HOW MUCH (quanto). Lembre-se de, ao final, incluir o status, que é em que momento da ação você se encontra.
O ideal é fazer uma planilha de 5W2H por função ou setor, de acordo com o número de ações que precisam ser feitas. Assim, você terá um controle muito maior de tudo que precisa ser feito, quem deve fazer e o status de cada situação.
Vamos usar um exemplo prático:
Função – Analista Administrativo
Risco encontrado: Não existe monitor com regulagem de altura
Utilizando o 5W2H:
O que: Adquirir suporte de monitor com regulagem de altura
Por que: Para cumprimento da NR-17 e para melhorar conforto no trabalho administrativo
Quem: Alice do setor de compras será a responsável
Quando: Quarto trimestre de 2021, de outubro a dezembro
Onde: No setor administrativo, na função Analista Administrativo
Como: Orçar o material com duas empresas de equipamentos ergonômicos
Quanto custa: R$ 79,90 cada. Seis unidades: R$ 479,40
Status (onde estamos agora): em processo de cotação para a compra do material
HIERARQUIA DAS AÇÕES
Não existe uma regra, mas o ideal é dar prioridade para as ações de alto risco ou risco iminente, que são mais graves e urgentes, onde pode acontecer um acidente ou doença.
É importante estabelecer também uma hierarquia pensando no orçamento. Quanto mais cara for a implementação, mais tarde ela acontecerá, para que a empresa consiga organizar e planejar o budget. As primeiras ações devem ser as mais baratas, que não necessitam de um grande planejamento financeiro.