Aprender a implantar as pausas ergonômicas de forma correta e eficaz é primordial, pois esse é um tema que envolve as sugestões ergonômicas que montamos para uma empresa após realizar uma Análise Ergonômica do Trabalho. Se o profissional de ergonomia faz uma sugestão relacionada à pausa, que é algo sério, de uma maneira não tão eficaz, isso pode ser prejudicial para a empresa, para o trabalhador ou até mesmo para esse profissional envolvido.
Por isso, neste artigo vamos aprender os conceitos básicos de pausa, por que elas são importantes, as classificações e finalmente, como implementá-las corretamente.
O que são pausas
Pausas são interrupções do trabalho, das atividades desenvolvidas. Ou seja, se o trabalhador sai de uma atividade para fazer outra, não quer dizer que ele está em pausa. Neste caso é um rodízio de atividades. Pausa é quando ele realmente está inativo, sem realizar ações musculares / técnicas. As pausas também podem ser chamadas de tempo de recuperação de fadiga, uma nomenclatura usada por Couto.
Por que as pausas são importantes?
Elas estão na NR 17, na CLT, na NR 15 e não é à toa. As pausas são importantes para dar ao trabalhador a oportunidade de alternar de postura, caminhar caso fique sentado o dia todo, descansar em caso de atividades muito dinâmicas e repetitivas. Ao pausar é possível voltar ao normal na frequência cardíaca, permitir a irrigação dos músculos utilizados na atividade, levando nutrição para os tecidos que estão sendo solicitados e aliviar a sobrecarga física ou mental.
Classificações das pausas
Para recomendar pausas corretamente, o profissional de ergonomia precisa conhecer todos os tipos existentes, suas classificações e características.
1- Classificação temporal das pausas
Micropausas – São as pausas curtas, de alguns segundos ou poucos minutos. Não existe um número definido oficialmente, mas geralmente consideramos micropausas as que levam menos de cinco minutos.
É mais comum encontrá-las entre ciclos de trabalho, como numa linha de produção onde o trabalhador realiza movimentos repetitivos. O colaborador não precisa exatamente se ausentar da atividade para realizar uma micropausa. Vamos imaginar o exemplo de uma esteira de peças: basta que as peças andem mais devagar pela esteira e o trabalhador consiga parar por alguns segundos que ele poderá realizar uma micropausa.
Macropausas – São intervalos maiores, com pelo menos 6 minutos de duração. Ela acontece durante a interrupção das atividades. Pode ser no ambiente laboral ou em local externo, de repouso, relaxamento. São as pausas de recuperação propriamente ditas, onde não ocorre nenhuma atividade laboral.
2 – Tomada de decisões
Pausa prescrita – É pré-determinada. Ocorre em um horário definido, já pré-determinado e estabelecido pela empresa. Geralmente acontece em linhas de produção e situações de trabalho intenso e elevado.
Pausas espontâneas – Intervalos onde o trabalhador vai interromper o trabalho na hora em que sentir necessidade, de acordo com sua sensação de fadiga. Nesse caso o trabalhador adota a pausa de acordo com a sua realidade e necessidade psico-fisiológica.
3 – Características das Pausas
Pausas Passivas – Quando o trabalhador realiza o total descanso das atividades, das ações técnicas, dos movimentos, da carga mental.
Pausas Ativas – Atividades extralaborais implementadas durante a pausa, como dinâmicas, ginástica laboral, Yoga, pilates, RPG. Elas interrompem as atividades laborais, mas de forma ativa conseguem relaxar o corpo e a mente.
4 – Pausas Obrigatórias
Antes de implementar, é importante conhecer todas as pausas obrigatórias, para não recomendar algo de forma errada e que não cumpra com a legislação vigente.
Nas atividades de sobrecarga muscular, estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, a partir da AET, deve ser incluídas pausas para descanso. A norma não cita tempo, mas é comum que recomende-se pausa de 10 minutos.
Nas atividades de entrada de dados, como digitação, de acordo com a NR 17, é preciso uma pausa de 10 minutos a cada 50 minutos trabalhados. Já pela CLT, artigo 72, a pausa de 10 minutos deve ser adotada a cada 90 minutos trabalhados. A empresa deve cumprir um ou outro, de acordo com o que funcionar melhor para sua realidade.
Para os trabalhadores de teleatendimento, como consta no anexo 2 da NR 17, a pausa deve ocorrer fora do posto de trabalho e deve ser de dois períodos de 10 minutos contínuos, considerando a carga horária padrão de seis horas de trabalho e 20 minutos de intervalo para almoço / refeição. Vale lembrar que ela deve ser adotada após os primeiros 60 minutos e antes dos últimos 60 minutos de trabalho, para ser o mais otimizada e benéfica possível, e precisa ser documentada, com registro impresso ou eletrônico.
Ainda sobre as pausas obrigatórias, temos a NR 36 e o artigo 253 da CLT, que nos falam sobre empresas frigoríficas. Trabalhadores que realizam atividades em locais refrigerados e movimentam cargas, devem pausar 20 minutos após 1h40 de trabalho. Se a jornada for de até 8 horas e 48 minutos, o tempo de pausa total tem que ser de 60 minutos, sendo preciso fazer a subdivisão das pausas dentro da jornada completa. O tempo mínimo deve ser de 10 minutos e o máximo de 20 minutos. Aqui é muito importante que o profissional de ergonomia faça essa gestão de acordo com a realidade da empresa e dos trabalhadores.
A CLT nos fala também sobre a obrigatoriedade das pausas no trabalho em minas de subsolo. Neste caso, a cada três horas consecutivas de trabalho é preciso uma pausa de 15 minutos.
Atenção:
É preciso anotar todas as pausas e não só a prescrita. Muitos profissionais ignoram pausas espontâneas e micropausas na própria análise, sem evidenciar essas ocorrências. Porém muitas empresas não têm pausas prescritas, só as espontâneas, por exemplo. Portanto, na sua análise de pausa e recuperação de fadiga, é preciso considerar todas. Procure saber se existe, anote, descreva. Todas são válidas. É preciso analisar a realidade do trabalhador, considerando todas as pausas existentes.