Os problemas de Saúde Mental têm se tornado cada vez mais comuns em todo o mundo, por exemplo, a ansiedade, que atinge mais de 260 milhões de pessoas. No Brasil somos o maior número de pessoas ansiosas: 9,3% da população, segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS. 86% dos brasileiros sofrem com algum transtorno mental, como ansiedade e depressão, podendo haver outros sintomas ainda não identificados ou até sub-identificados. 37% das pessoas apresentam Stress extremamente severo, enquanto 59% se encontram em estado extremamente severo de Depressão, sendo que a Ansiedade extremamente severa atinge níveis ainda mais altos chegando a 63%, onde estes dados foram publicados pela revista Veja em 31.07.2019 em uma de suas colunas pela internet.
O mundo está muito difícil, rápido e cheio de mudanças e muitas vezes não temos tempo sequer de assimilar uma mudança e já vem outra, causando uma angústia tremenda porque as pessoas não conseguem dar conta de toda esta evolução, no contexto da Industria 4.0 que vem sendo muito divulgada e vista como um grande progresso, principalmente nas áreas de Segurança do Trabalho.
Onde entra a Ergonomia em todo este contexto apresentado
Elaborar uma AET – Análise Ergonômica do Trabalha, não é somente um documento para atendimento da NR 17, envolve um estudo muito mais aprofundado do que se pensa. Temos hoje uma quantidade de AET´s que em sua maioria acabam por avaliar somente duas áreas da Ergonomia: a Biomecânica e a Organizacional. Mais onde se identifica uma AET com a avaliação Cognitiva/Psicossocial? Aí está um grande problema! As Demandas quando apresentadas pela empresa são o ponto de partida de uma AET, embora muitas empresas apontem não existir problemas em suas dependências, o que traz uma nova forma de abordagem do Ergonomista para que as 3 áreas da Ergonomia sejam contempladas na AET.
E as Doenças Mentais? Em qual situação se encontram presentes?
Estão exatamente nas áreas que hoje não é realizada nenhum estudo, a Cognitiva, pois muitas das AET´s acabam por dar ênfase na Biomecânica e Organizacional, dependendo do Ergonomista e principalmente quando o seu entendimento foge da concepção de que a Ergonomia é Multidisciplinar. Fica claro que os novos caminhos apontam para o desafio de enfrentar as condições de trabalho quanto a demandas Cognitivas, somadas as situações externas que já vem contribuindo para o agravamento de Doenças Mentais. Um ponto deve ser levado em conta, o eSocial terá meio de identificar diversos problemas envolvendo a Ergonomia e os afastamentos decorrentes das atividades de trabalho.
Como assim? Temos o Decreto 3048, Anexo II, Lista B que traz uma listagem de Doenças correlacionadas com novo CID 10 – Cadastro Internacional de Doenças e a Lista C que correlaciona estas doenças com o CNAE das empresas através do Nexo Técnico Epidemiológico, na forma do §3º do Art. 337. O que o profissional de Segurança e Medicina do Trabalho devem saber sobre isto? Qual a correlação com o Ergonomista e o eSocial?
Aí está o novo desafio que o eSocial traz, pense em um afastamento, por exemplo, Transtorno Cognitivo Leve (F06.7), onde o Agente ou Fator responsável está relacionado a um Agente Químico. De outra, podemos ter um afastamento por M54.5 – Dor lombar baixa que certamente estando correlacionado a um empregado de um setor Administrativo ou até mesmo de produção que já demonstrará o vínculo da doença com a atividade advindo do NTEP.
Sua empresa está preparada para resolver este problema?