As condições de trabalho precisam estar adequadas às características físicas e psicológicas do trabalhador, e nunca o contrário. Nas empresas em que não existe essa preocupação com a ergonomia, o colaborador fica exposto aos agentes ergonômicos, que vão prejudicar a sua saúde, seu bem-estar e sua qualidade de vida.
Quando a pessoa precisa se adequar ao ambiente em que trabalha, há um aumento da suscetibilidade para problemas, como as Lesões por Esforço Repetitivo (LER). Além disso, o profissional não consegue desempenhar suas funções adequadamente, havendo um comprometimento da sua produtividade.
Existem diversos agentes ergonômicos que podem causar problemas para o colaborador e a empresa, e neste artigo falamos sobre os principais deles. Continue a leitura para conhecê-los e fazer adequações na sua empresa, sempre em busca das melhores condições para a sua equipe.
O que são os agentes ergonômicos?
São classificados como agentes ergonômicos todas as condições e os fatores de trabalho inadequados para o colaborador, ou seja, aqueles que não atendem satisfatoriamente às condições físicas e psicológicas do profissional para que ele desempenhe suas tarefas.
Esses agentes deixam o trabalhador exposto a diferentes riscos para sua integridade física, aumentando a suscetibilidade de acidentes, problemas e doenças. Dependendo do agente, também se caracteriza como um risco para a saúde mental.
As empresas precisam fazer a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) conforme previsto na NR-17 do Ministério do Trabalho. Essa Norma Regulamentadora estabelece os parâmetros que devem ser atendidos para que as condições oferecidas ao trabalhador proporcionem conforto e segurança, garantindo seu bom desempenho.
Quais são os principais?
Os agentes ergonômicos variam de acordo com o ramo de atuação de uma empresa, além da função exercida por cada profissional. Quem está em uma linha de produção, por exemplo, se expõe a riscos diferentes dos profissionais que atuam no setor administrativo, de transporte ou de limpeza.
Independentemente dessas variações, os agentes afetam significativamente a saúde e a qualidade de vida do profissional. Daí a importância de serem devidamente identificados para que se possa adotar as medidas corretas, minimizando seus riscos e impactos. Veja a seguir quais são os principais agentes ergonômicos.
Trabalho físico pesado
Quando o trabalho físico é pesado, o colaborador sofre diversos riscos ergonômicos porque trabalha constantemente com a força. Há uma suscetibilidade maior para problemas físicos, como aqueles de coluna e articulares. Também há mais chances de o profissional sofrer um acidente e de apresentar cansaço excessivo.
Além das dores musculares e da fraqueza, aqueles que tiverem uma propensão para hérnias poderão desenvolver esse problema. Há, ainda, os que sentem impactos na saúde mental pelo estresse gerado em função do esforço e do cansaço.
Posturas incorretas
As posturas incorretas são muito comuns no ambiente de trabalho, e para profissionais de todas as áreas. Elas são decorrentes da inadequação do ambiente e da falta de conscientização do profissional em relação ao modo correto de se posicionar.
Ao operar um computador ou uma máquina, ao dirigir um veículo ou estar em uma linha de produção, o profissional precisa manter uma boa postura para evitar dores no corpo, sobrecarga nas articulações, impedimento da circulação sanguínea, entre outras condições — principalmente ao permanecer muito tempo na mesma posição.
Posições incômodas
Algumas funções exigem que o trabalhador fique em locais muito apertados, baixos ou em posições incômodas. Aqui, temos um exemplo significativo da falta de ergonomia no trabalho, quando a pessoa precisa ajustar seu corpo e seus movimentos às condições oferecidas.
Permanecer nessas posições tem os mesmos efeitos da má postura, aumentando o risco de problemas na coluna, dores musculares e articulares, lesões, acidentes e cansaço. Além disso, há o estresse por causa dos incômodos sentidos e a pressão pela responsabilidade de cumprir as tarefas mesmo assim.
Repetitividade ou monotonia
A repetição de movimentos gera problemas já muito conhecidos: as LERs. Elas se manifestam quando o trabalhador gera sobrecarga em determinada parte do corpo (como os punhos), por movimentá-la da mesma forma repetidas vezes.
As atividades muito monótonas também estão entre os agentes ergonômicos em função da repetitividade, por gerarem cansaço, estresse, dores e aumentarem o risco de acidentes. A monotonia, inclusive, causa falta de concentração.
Ritmo excessivo
Quando o ritmo de trabalho é excessivo, temos o mesmo problema, mas nesse caso existe o risco de lesão em função da repetitividade, esforço grande do corpo e da mente, cansaço e a possibilidade de acidentes, pela pressão por resultados.
Há, ainda, um desgaste físico e emocional quando o profissional não tem tempo para fazer pausas. Ele pode desenvolver ansiedade, ter alterações no sono, cardiopatias, doenças nervosas, no aparelho digestivo, alterações na pressão arterial, entre muitos outros problemas.
Trabalho em turnos e noturno
Os profissionais que trabalham em turnos ou no período noturno sentem os reflexos dos agentes ergonômicos nas alterações em seu organismo. Isso acontece porque o relógio biológico é desregulado para se adequar às condições da atividade laboral.
Nesse caso, o trabalhador experimenta cansaço e alterações no sono, pode desenvolver ansiedade, hipertensão, diabetes, cardiopatias, e outros problemas físicos e mentais. Sua produtividade e desempenho também são reduzidos.
Jornada de trabalho extensa
Impor jornadas de trabalho muito extensas vai totalmente contra os cuidados que precisamos ter com a saúde ocupacional. Corpo e mente precisam de um momento de descanso, e ele deve ser respeitado para que o colaborador não desenvolva doenças físicas e mentais.
É válido lembrar que, dependendo da atividade exercida pelo profissional, a jornada de trabalho precisa ser ainda mais curta. Existem casos em que há um esforço grande do corpo ou da mente, ou um risco maior para a integridade. É o que acontece, por exemplo, com operadores de telemarketing, bancários e profissionais expostos à radiação.