As atividades que envolvem levantar, puxar ou empurrar cargas têm sido uma preocupação crescente daqueles que procuram prevenir lesões e doenças do trabalho. Em termos gerais, a carga provoca
dois tipos de reações corporais. Em primeiro lugar, o aumento de peso provoca uma sobrecarga fisiológica nos músculos da coluna e dos membros inferiores. Segundo, o contato entre a carga e o corpo
pode provocar estresse postural. As duas situações podem causar desconforto, fadiga e dores. Essas situações são estudadas pela ergonomia com o objetivo de projetar métodos mais eficientes para o transporte de cargas, reduzindo os problemas osteomusculares e os gastos energéticos (IIDA;GUIMARÃES, 2016).
De acordo com a NR17, torna-se importante expor alguns conceitos relativos ao manuseio e ao transporte de cargas: a) o transportemanual de cargas designa todo transporte no qual o peso da carga
é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o levantamento e a deposição da carga; b) o transporte manual regular de cargas designa toda atividade realizada de maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte manual de cargas. O manuseio e o transporte de cargas tende a ter diversas variáveis que corroboram para acentuar ou minimizar os problemas que podem decorrer da atividade. Nesse sentido, é importante que a relação entre o peso do objeto e as condições como ele é transportado, elevado ou manuseado sejam avaliadas de forma quantitativa. Para compreender o grau de relevância ou de implicações na saúde do trabalhador, o (NIOSH) – Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional desenvolveu uma avaliação específica que propõe que as tarefas de manuseio de cargas possam ser avaliadas de acordo com as seguintes variáveis:
- peso do objeto manuseado;
- posição da carga em relação ao corpo – medida tanto no ponto inicial quanto no final do levantamento, em termos de coordenadas horizontal e vertical;
- frequência de levantamento;
- período ou duração – tempo total do levantamento;
- possibilidade de preensão ou pega.
Um dos questionamentos mais frequentes em relação ao manuseio e ao transporte de cargas está relacionado ao limite máximo do peso que pode ser manuseado sem prejuízos para a saúde. No guia NIOSH, de 1981, o peso máximo de carga para levantamento simétrico recomendado foi de 23 kg (CHAFFIN et al., 2001). Para calcular o peso máximo a ser manuseado, a ABNT – NBR – ISO 11228-1:2017 recomenda que devem ser consideradas as variáveis envolvidas no processo, como intensidade, frequência e duração da tarefa, e o peso a ser manuseado. Essa parte da ABNT foi elaborada para prover orientações para a avaliação das muitas variáveis que compõe uma tarefa, de maneira a permitir uma melhor avaliação dos riscos em relação ao peso e às demais variáveis envolvidas. Encontra-se disposto nesta ABNT, ainda, que, após avaliado e identificado o risco, este pode ser minimizado/eliminado por meio da exclusão dos riscos resultantes da tarefa ou em função do local de trabalho, da organização do trabalho e/ou ainda das condições ambientais (ver ABNT – NBR – ISO 11228-1:2017). O guia desenvolvido por NIOSH, segundo Chaffin et al. (2001), resultou nas seguintes recomendações para o levantamento
simétrico de cargas:
- o levantamento deve ser suave e sem aceleração repentina;
- as mãos do trabalhador, ao pegar o objeto, devem estar menos
de 75 cm uma da outra e os objetos devem estar a uma altura
moderada; - o trabalhador não deve ter restrição de posturas e nenhum suporte
para o dorso (como as cintas lombares) deve ser utilizado; - a pega do objeto deve ser boa;
- a temperatura deve ser favorável para executar o levantamento.
O mesmo autor salienta ainda que o levantamento assimétrico de cargas causa redução da capacidade de levantamento e o aumento dos riscos de lesão na coluna lombar e nos músculos do dorso. Se a carga se move ou desliza por culpa da pega, o risco de lesão pode aumentar devido ao solavanco, por isso os produtos a serem manuseados devem ter uma boa “pega”.